sábado, 17 de julho de 2010

Chimamanda Adichie: O perigo da história única




Chimamanda Adichie: O perigo da história única

Se você ainda não tinha ouvido falar do TED não se preocupe, a Leia Brasil te apresenta agora. A TED é uma conferência anual que reúne os mais importantes pensadores do mundo que são desafiados a fazerem a melhor apresentação de suas vidas em 18 minutos. No TED.com eles disponibilizam, de graça, as melhores apresentações e performances sobre vários temas, que vão de tecnologia e entretenimento a design, negócios, ciência e cultura.

Personalidades como o político Al Gore, a escritora Isabel Allende e o pop star Bono Vox já passaram por lá, mas graças a dica da professora Susan Blum, uma velha amiga da Leia Brasil, um nome em especial nos chamou a atenção. Estamos falando da participação da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Para quem não conhece um breve histórico: Chimamanda mudou-se para os Estados Unidos com 19 anos para fazer faculdade, seu primeiro romance Hibisco Roxo foi publicado em 2003 e, em 2006, com a publicação de Meio sol amarelo a escritora foi agraciada com o prêmio Orange Prize de melhor ficção.

Em sua palestra Chimamanda Adiche fala sobre o perigo das histórias únicas e de como um único olhar sobre uma pessoa, um povo ou uma cultura é limitador e gera esterótipos difíceis de serem superados. Não deixe de ver.

ASSISTA O VIDEO!!!


(fonte:Leia Brasil)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

No charco


No charco


Estava mergulhada em um charco de sentimentos bem familiares. Cheiravam mal, mas não os culpava, esse odor vinha do seu íntimo. Estava plena de uma demasiada tristeza. Não sabia se conseguiria libertar-se. Tão pouco se queria. Pois todas as vezes que se cobrira de flores, cheirando como a primavera; logo tropeçava nessa poça, nessa lama. Se fora empurrada ou se caia sozinha isso já não importava. Acostumou-se com o frio, com os gritos, com o horror.

Sob esse charco denso de pustulentas chagas dançava com a loucura, a linda dama em traje de festa. Dançavam sob a luz da lua de rosto colado, rindo de si mesma, sem discernir-se. Admirando sua sombria valsa através dos espelhos do grande salão da sua alma.

Enquanto dançava, encontrou seu lado negro num canto escuro de uma dessas noites. Sentiu medo, mas não correu. Fascinou-se ao ver em seus olhos negros, tão profundos, sentimentos avessos aos daquelas pessoas que a rodeavam, trazendo olhos imensamente vazios. Tentando convencer-lhe de que se importavam. Ela não os acreditava.

Passou a ver a morte e a dúvida caminhando de mãos dadas em direção às flores negras que brotavam maravilhosas em um canteiro sórdido, junto a seus olhos. Eram botões extraordinários que desabrochavam no breu sob uma carregada chuva de um vermelho vivo... Adormeceu.

Quando acordou, aqueles dos olhos imensamente vazios, levaram-na a ter com um ser de uniforme alvo, que cuidou de seus regadores com ataduras brancas. Deu-lhe algo de beber e algumas pastilhas ruins. Vestiu-a também com um casaco de longas mangas. Talvez quisesse protegê-la do frio que havia em si.

Agasalhada, mas tremendo. Sentou-se a beira daquele charco, num canto qualquer de uma sala desconhecida, próxima a uma janela. De onde passou a admirar, sem conseguir entender, a rua e as pessoas que incrivelmente escapavam de suas poças.





Adriana Kairos

quinta-feira, 1 de julho de 2010

"Às vezes, tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconscientes, eu antes não sabia que sabia."

Clarice Lispector