“Com uma voz sem som descobri nas letras o grito que fala do que vê o coração e do que sente os olhos ante a injustiça, o preconceito, a desigualdade e o medo.” Adriana Kairos
domingo, 17 de julho de 2011
Alm’inha-minh’alma
Alm’inha-minh’alma
Adriana Kairos
Fui tão seca ao deserto de minh’alma
Beber de tudo o que lá deixei
Eu estava tão sedenta
Que força em mim não tinha
Tão seca
Tão desértica
Como quem pede Coca-cola num bar
Por impulso clamei por ela
- Alm’inha-minh’alma...
Mas dela resposta não vinha.
Pobrezinha...
Era agora tão erma
Tão seca, tão vazia, tão sozinha
Que nem areia nela tinha
O vento seco que por ela passou
A balançou como latinha oca a beira da pista
Não encontrei mais nada
Naquele imenso mundo-de-tinha
Que se tornou a alm’inha-minh’alma...
Justo ela
Tadinha...
Justo ela que tinha tanto
Tanto de tanto ela tinha...
Tinha tesouros, desejos e pecados
Carrossel, balão e fitinha
Tinha sonhos, palavrões e dúvidas
Dedal, carretel e linha
Tinha amores de verdade
E tinha amores de mentira
Canudo, refrigerante e latinha
Ela tinha tanto
Tanto ela tinha
Ah... alm’inha-minh’alma...
Não me refresco mais com o que tinha.
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"Às vezes, tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconscientes, eu antes não sabia que sabia."
Clarice Lispector