terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Tempo são


Tempo são


E a vida segue num tic
De tempo tac
De horas que somem
Relógios e seus ponteiros
Pessoas vão e vem

Contudo, as horas
Não somem sozinhas
Elas levam consigo
Pensamentos
Alguns desalentos
Porém outros
Teimam
Não deixar-me só

Mais uma vez é o tempo
Vida resumida em horas
Frágeis
Com suas asas invisíveis
De delicada crueldade
Atraindo-me com seu sopro
Suave
Manso
E quente
À lembranças
Que meu espírito
Atormentado
Tem medo de lembrar

Assim como um imã
Para coisas que machucam
Segue meu espírito fugindo
Em vão
De você

Sua sutil presença me assombra
Meu fantasma
Meu remorso
Suas asas negras
A me guardar

Sonho e não te encontro
Só no som do silêncio te vejo
E te ouço no dançar dos ponteiros
Abertos desejosos de abraçar

Danço contigo sobre o relógio
Rodopiando nas pontas
Como uma bailarina
Sobre cada número
Fugindo da rasteira que o segundo
Possa nos dar

Tempo seu e meu
Hora minha e sua
Mesmo se você não está
É hora dos meus remédios
Avisam-me.

E a vida segue num tic
De horas tac
De esperanças mortas
De ter você
Outra vez.



Adriana Kairos

10 comentários:

Olhos do Coração disse...

Lindo Dri!

Beijos carinhosos!!

Unknown disse...

O tempo, tudo o consome e apenas o amor o aproveita ...

Beijo.

Rafaela Dutra disse...

[...]E a vida segue num tic de horas tac de esperanças mortas de ter você outra vez.


Como consegue colocar tudo o que há de mais lindo em APENAS 3 linhas?!
Amo, de paixão, o que vc escreve minha amiga!
bjo, bjo!!!

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Também... nesse planeta, a única coisa que temos, é o tempo... ou não.
Um grande abraço.

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Bom dia!...
Adoro ter tempo, para visitar o seu blogger.
Um grande abraço.

Leandro Noronha da Fonseca disse...

uma frase de um filme do Gaspar Noé, que me lembrei ao ler essa poesia: le temps destruit tout. Meu beijo, amiga!

João Videira Santos disse...

Horas,minutos,instantes seguem a ordem austera, ninguém se agarra à quimera que o destino encaminha...

Paulo Rogério disse...

"Fugindo da rasteira que o segundo
Possa nos dar" ..."É hora dos meus remédios". Há uma beleza contida quando sua poesia transita também pelos meandros da tristeza... Um grande beijo!

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Bom dia, Adriana.
Quero agradecer a sua atenção quando corri atrás de você, sobre aquele fato "Fantástico".
O meu sufoco foi tão grande, que senti vontade de gritar para o mundo...
Aproveitando o seu poema sobre o TEMPO... eles roubaram dele, o Tempo!

Um grande abraço.

"Às vezes, tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconscientes, eu antes não sabia que sabia."

Clarice Lispector