“Com uma voz sem som descobri nas letras o grito que fala do que vê o coração e do que sente os olhos ante a injustiça, o preconceito, a desigualdade e o medo.” Adriana Kairos
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
A minha língua
A minha língua
A minha língua
Lambe
A borda direita da folha
De onde palavras suicidas se atiram
Estúpidas,
Não morrem
Partem-se em dois
E sangram em minha língua
Versos insuficientes
Boca aberta
Caneta em punho
Precipitam-se vocábulos
De minha mente
Doente
Ao abismo branco
Infinito
De uma folha de papel
Vexada
Sangrada
Lambida
De palavras vãs
Carentes de ti.
Adriana Kairos
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"Às vezes, tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconscientes, eu antes não sabia que sabia."
Clarice Lispector
3 comentários:
[...] A minha língua lambe a borda direita da folha, de onde palavras suicidas se atiram estúpidas,não morrem. Partem-se em dois e sangram em minha língua versos insuficientes boca aberta, caneta em punho precipitam-se vocábulos de minha mente doente ao abismo branco infinito de uma folha de papel vexada, sangrada, lambida de palavras vãs carentes de ti.
Adriiiiiiiii!
O poema é tão lindo que não pude deixar de colocar esse trecho - ainda que extenso - aqui! Perfeito.
Vc como sempre transcrevendo aquilo que o coração fala!
bjo, bjo!
Cartas sem respostas... sequer postadas... Como doem!
Sensual, insensato amor!
(pss.: o livro foi custeado pelos próprios autores, salvo os melhores colocados, através do Organizador. É daqueles que, sendo o primeiro, a gente quer distribuir para todo o mundo... então, creio não tenha sido comercializado... Talvez haja algum participante próximo seu, lhe mandarei um rol oportunamente).
Beijo! Te vi no "O Globo". Parabéns!
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