terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Intimidade



Intimidade


Amassei pão, varri casa, tratei dos bichos, limpei cu de criança, dei porque tinha que dar, mas nada me deixa mais feliz que momentos como esses, em que estou comigo e com meu vestido branco de laços. Comida pronta, casa arrumada, bichos alimentados, criança limpa, homem satisfeito e longe daqui. Eu e meu vestido. Eu, o meu vestido e o vento. Eu, meu vestido, o vento e suas músicas. Suas músicas e minhas mãos. Minhas mãos no tecido macio e fino do vestido e minhas coxas. Minhas coxas, meus gemidos... Meu riso. Minha secreta felicidade.




Adriana Kairos

6 comentários:

Zatonio Lahud disse...

Muito bom, realista e belo!

Rafaela Dutra disse...

[...] Meu riso. Minha secreta felicidade.

Gnt, que texto magnífico! Adri, fazia tempo que não passava por aqui, estava sumida mas voltei em 2011 com td! rs... E sabe, "vida automática" é assim, às vezes cai bem: fazer por fazer, dar por dar, rir por rir. A felicidade pode vir escondida nesse meio!
Mais uma vez, lindo o texto!
bjo, bjo!
Adorei!

Paulo Rogério disse...

Forte, carnal, sensual! A la Adélia.
Beijo!

Ana Dos Santos disse...

Lindo, tocou na minha intimidade!
Conheci teu trabalho pelos Águias, parabéns, virei tua seguidora!
Ana dos Santos ( adorei a seleção musical)

Joao Antonio Ventura disse...

Eu já te disse e repito: está um arraso!

Joao Antonio Ventura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

"Às vezes, tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconscientes, eu antes não sabia que sabia."

Clarice Lispector