sexta-feira, 15 de maio de 2009

Porfia


Porfia



Não me apaixonei por seus olhos
Cerrados
Sepultados n’algum amor alheio
Emudecido segredo
Calada magoa da rejeição

Ainda assim te quero
Pois não me apaixonei por sua voz
Sua boca leva a cicatriz do vento de uma saudade
Maldição de quem ama o inalcançável
Dor doída de distancia...

Não me importo com suas chagas
Preparei bálsamos para aliviar seu martírio
Cuidarei-te paciente
Sem nada pedir
Só para tê-lo perto.
Só para tê-lo perto...

Foram suas lágrimas
Maré tremula
Bailando as margens do brio
Delinqüentes
Culpadas do amor que sinto.

A esperança de vê-las secar
E depois tornar a vê-las cair
Mas por mim
Num ato de reconhecer-me como o amor da sua vida
Mergulhou-me num mar tranqüilo e torvo
De contentamento e loucura
E me apaixonei por você.

Amo-te tanto que dói.




Adriana Kairos

Um comentário:

Rafaela Dutra disse...

[...]Amo-te tanto que dói.

E esse, é o "pior" e o "melhor" amor de se sentir... O peito queima e a ânsia de estar ao lado da pessoa que se ama... Se faz tão forte, tão presente: que ora quer estar "dentro dela"... outrora: "vivendo a vida" dela.
Seja bem vinda: esse é o amor.

Lindo Adri!!!Na verdade dizer que é lindo virou clichê... Pois td que tem aqui é perfeito!
bjãooooooooooooooooooooooo!

"Às vezes, tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconscientes, eu antes não sabia que sabia."

Clarice Lispector